No turbilhão da contemporaneidade, a busca pelo empoderamento feminino ressoa com intensidade, e por justificada razão. Contudo, torna-se imprescindível discernir que o autêntico empoderamento não se manifesta na vulgaridade ou na subversão de valores intrínsecos, mas sim na robustez interior, na sabedoria cultivada e na habilidade de edificar relações saudáveis e significativas. No âmbito conjugal, a esposa assume um papel de destaque na representação do marido e na construção de um lar harmonioso, sem que isso implique a anulação de sua individualidade (Brown, 2012).
A Representação como Ato de Empoderamento:
Representar condignamente o marido transcende a mera submissão pejorativa; configura-se como uma parceria que o ampara, o admira e o exalta publicamente. É ser sua “vitrine”, exibindo ao mundo as virtudes que o consagram como um homem notável. Tal postura, longe de diminuir a mulher, a empodera, evidenciando sua segurança, sua autoestima e sua capacidade de construir uma relação alicerçada no respeito e na admiração mútua (Hendrix, 1988).
Hierarquia no Casamento: Ordem, não Opressão:
A concepção de hierarquia no casamento frequentemente suscita debates acalorados. Todavia, quando compreendida em sua essência, revela-se como um princípio de organização e harmonia. A hierarquia, nesse contexto, não se traduz em dominação ou submissão, mas sim em ordem e reverência aos papéis de cada cônjuge. O marido, como líder do lar, assume a responsabilidade de prover, proteger e nortear a família, enquanto a esposa, como sua auxiliadora, o complementa e o apoia nessa jornada. Essa dinâmica, quando exercida com amor e respeito, robustece o matrimônio e proporciona um ambiente familiar saudável, consoante os preceitos bíblicos (Efésios 5:22-33).
Empoderamento sem Vulgaridade:
O verdadeiro empoderamento feminino reside na autoconfiança, na inteligência e na capacidade de se expressar com elegância e respeito. A vulgaridade, em contrapartida, denota insegurança e carência. Uma mulher empoderada não necessita recorrer a expedientes vulgares para se destacar, pois sua força emana de dentro para fora. Ela se veste com bom gosto, se expressa com clareza e se porta com dignidade, angariando admiração e respeito por sua postura íntegra (Jung, 1921).
Referências Teóricas:
- Brené Brown (2012): Em suas obras, Brown explora a importância da vulnerabilidade, coragem, vergonha e empatia nas relações interpessoais, demonstrando como a autenticidade e a conexão humana fortalecem os laços.
- Harville Hendrix (1988): Criador da Terapia de Casal Imago, Hendrix enfatiza a importância da comunicação e da empatia na resolução de conflitos conjugais, buscando a cura e o crescimento pessoal através do espelhamento entre os cônjuges.
- Carl Gustav Jung (1921): O renomado psicólogo suíço aborda a importância dos arquétipos e do processo de individuação, buscando o equilíbrio psíquico através da integração dos aspectos conscientes e inconscientes da personalidade.
Referências Bíblicas:
- Provérbios 31:10-31: Descreve a mulher virtuosa, exaltando suas qualidades de trabalhadora, sábia, generosa e dedicada à família, como uma fonte de bênçãos para o marido e o lar.
- Efésios 5:22-33: Aborda a dinâmica da relação entre marido e mulher, enfatizando o amor, o respeito e a submissão mútua, comparando o casamento à união entre Cristo e a Igreja.
- 1 Pedro 3:1-6: Exorta as mulheres a cultivarem a beleza interior de um espírito manso e tranquilo, em vez de se preocuparem excessivamente com adornos exteriores.
Ferramenta Terapêutica: Comunicação Não Violenta (CNV)
A Comunicação Não Violenta (CNV), desenvolvida por Marshall Rosenberg (2006), oferece uma estrutura eficaz para aprimorar a comunicação e resolver conflitos de maneira pacífica e construtiva. A CNV se ancora em quatro pilares:
- Observação: Descrever a situação de forma objetiva, sem julgamentos ou interpretações.
- Sentimentos: Expressar os sentimentos despertados pela situação, assumindo a responsabilidade por eles.
- Necessidades: Identificar as necessidades humanas universais que estão por trás dos sentimentos.
- Pedido: Formular um pedido claro e específico para atender às necessidades expressas.
Exemplo: “Quando você chega tarde para o jantar (observação), eu me sinto preocupada e desvalorizada (sentimentos), porque tenho a necessidade de me sentir amada e respeitada (necessidades). Você poderia me avisar quando for se atrasar? (pedido).”
A aplicação da CNV no contexto conjugal possibilita que a esposa expresse suas necessidades e sentimentos de forma clara e respeitosa, promovendo um diálogo mais construtivo e fortalecendo os laços matrimoniais.
Conclusão:
O empoderamento feminino no casamento não se contrapõe à representação do marido ou à hierarquia familiar. Ao contrário, quando compreendidos em sua verdadeira essência, esses princípios podem consolidar a união e proporcionar um ambiente familiar harmonioso e pleno. A mulher verdadeiramente empoderada é aquela que se conhece, se valoriza e se expressa com autenticidade, construindo relações saudáveis e significativas, sem recorrer a expedientes vulgares ou a inversões de valores. Sua beleza irradia de dentro para fora, conquistando admiração e respeito por sua postura íntegra e elegante.
Referências Bibliográficas:
- Brown, B. (2012). A coragem de ser imperfeito. Sextante.
- Hendrix, H. (1988). Getting the love you want: A guide for couples. Harper Perennial.
- Jung, C. G. (1921). Psychological types. Routledge.
- Rosenberg, M. B. (2006). Comunicação não-violenta: Técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. Agora.
Com fé e esperança,
Que a graça e a sabedoria nos guiem sempre.