O Peso da Responsabilidade: Quando Ser Perito Judicial Afeta a Saúde Mental

Introdução:
O trabalho de um perito judicial exige precisão técnica, imparcialidade e responsabilidade diante da Justiça. Por trás dos laudos e pareceres, porém, existe um ser humano exposto a pressões intensas: prazos rígidos, complexidade dos casos, impacto social e emocional das decisões. O objetivo deste artigo é abordar as demandas emocionais desse ofício e como a terapia pode ajudar profissionais a manter equilíbrio e saúde mental.

1. O papel do perito judicial e suas implicações emocionais

A função pericial envolve traduzir fatos técnicos em linguagem jurídica acessível, muitas vezes em processos delicados — envolvendo patrimônio, liberdade, saúde ou vida. Cada assinatura em um laudo representa não apenas um ato técnico, mas uma responsabilidade civil e ética.

Esse nível de exigência prolongada costuma gerar:

  • Hipervigilância e autocobrança.
  • Medo de falhar ou ser questionado judicialmente.
  • Isolamento social pela sobrecarga mental.
  • Dificuldade de “desligar” após o expediente.

Muitos peritos relatam sensação constante de estar sendo avaliados, como se todo o tempo precisassem provar sua competência.

2. O impacto psicológico de lidar com conflitos alheios

Grande parte dos processos judiciais nasce de rupturas: divórcios litigiosos, acidentes graves, falências, crimes, disputas familiares. Mesmo sem envolvimento emocional direto, o perito é exposto repetidamente à dor humana, à raiva e à desconfiança.

Essa exposição contínua pode levar a:

  • Desgaste emocional silencioso.
  • Ansiedade antecipatória diante de audiências e prazos.
  • Distanciamento afetivo para tentar se proteger emocionalmente.

Esse distanciamento, embora comum, pode gerar entorpecimento emocional — um dos sinais de alerta para burnout.

3. A cultura do “profissional inabalável”

Em muitas áreas técnicas, ainda prevalece a ideia de que admitir fragilidade emocional é sinal de fraqueza. Entre peritos, essa cultura se intensifica: há a crença de que um perito “não pode errar” e “não pode se abalar”.

Na prática clínica, observa-se que esse tipo de mentalidade gera:

  • Repressão emocional crônica.
  • Dificuldade de pedir ajuda.
  • Sensação de solidão mesmo em meio a colegas.
  • Somatizações físicas (insônia, dores musculares, taquicardia).

Tratar essas reações não é sinal de fraqueza — é cuidado profissional.

4. Como a terapia auxilia peritos judiciais

A psicoterapia oferece um espaço protegido para processar o que não cabe no relatório pericial. Ela auxilia o perito a:

  • Reconhecer e organizar suas emoções.
  • Separar sua identidade pessoal do papel técnico.
  • Reduzir ansiedade por meio de técnicas de regulação emocional.
  • Fortalecer limites psíquicos para não carregar dores que não são suas.
  • Desenvolver estratégias para lidar com pressões externas (Juízo, advogados, partes).

Além disso, permite restaurar aspectos esquecidos da vida pessoal — prazer, lazer, vínculos afetivos.

5. Estratégias práticas de autocuidado para peritos

  1. Higiene emocional após cada caso: reservar momentos curtos de respiração profunda, caminhada ou oração para “encerrar” mentalmente a experiência.
  2. Limites claros de trabalho: não responder mensagens ou revisar laudos fora de horários definidos.
  3. Supervisão ou terapia regular: espaço para descomprimir e reorganizar percepções.
  4. Atividades não técnicas: manter vínculos sociais e hobbies que não tenham relação com a Justiça.
  5. Reconhecer sinais de exaustão: não naturalizar insônia, irritabilidade ou fadiga emocional.

6. Espiritualidade e sentido de missão

Para muitos profissionais, a fé pode servir como eixo de estabilidade. A ideia de exercer justiça com responsabilidade, sem assumir pesos que pertencem à Justiça divina, traz leveza e perspectiva.
“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos.” (Mateus 5:6)

Essa visão não anula a responsabilidade técnica, mas evita que o perito absorva culpas e dores que não lhe pertencem.

Conclusão

Ser perito judicial é exercer uma função de alta responsabilidade e profundo impacto social. Mas por trás da função, há uma pessoa que também precisa de cuidado. Procurar terapia não desqualifica o profissional — pelo contrário, fortalece sua capacidade de atuar com clareza, humanidade e equilíbrio.

Cuidar da saúde mental é parte essencial da competência profissional.

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Desejo a você e sua família uma semana na Graça.

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